Você sabe o que é Constelação Familiar Sistêmica?

A Constelação familiar sistêmica é uma abordagem terapêutica criada pelo psicoterapeuta alemão Bert Hellinger.

Não tem como falar sobre a constelação, sem falar do psicoterapeuta.

Filósofo e pedagogo, Bert foi padre e missionário por muitos anos, onde trabalhou em uma ordem católica como educador na África do Sul.

Nesse tempo que passou na África, em uma tribo Zulu, ele percebeu que os integrantes da tribo tinham uma dinâmica diferente. Quando alguém tinha algum problema, essa questão era de todos na tribo, todos tinham que resolver em coletivo.

Hellinger também se especializou em psicanálise, gestalt-terapia, análise transacional, hipnoterapia e terapia familiar. Toda essa experiência foram base para seu entendimento sobre relações sistêmicas.

Assim, ele observou e concluiu que determinados padrões de comportamento se repetem nos sistemas familiares ao longo das gerações.

Na década de 90, com o mapeamento do Genoma Humano, foi possível descobrir que os genes transmitem memórias ancestrais para gerações futuras, descoberta que trouxe ainda mais fundamento para a teoria de Hellinger.

A constelação familiar sistêmica é um tipo de terapia alternativa que vem ganhando cada vez mais audiência aqui no Brasil e no mundo.

Você sabe o que é Constelação familiar sistêmica?

Alguma vez você já notou alguma atitude sua que lhe pareceu uma repetição de comportamento dos seus pais? Ou percebeu algum comportamento nos seus filhos que se parecem muito com atitudes suas, ou do seu marido?

Essas repetições, ou padrões, podem vir da convivência, da genética e dos costumes.

Mas segundo Hellinger, vai muito além. Porque, segundo ele, os laços familiares se unem através de um campo energético, que conecta a família por gerações.

Sendo assim, todos estamos energeticamente ligados aos nossos antepassados. De acordo com Bert Hellinger, uma pessoa pode carregar consigo informações vividas por outras pessoas da família, até mesmo que essa pessoa já tenha morrido.

Portanto, além da cor da pele ou dos olhos, uma pessoa pode herdar crenças, valores, traumas e doenças, dos seus pais, avós, bisavós e por aí vai.

Essas heranças podem trazer consequências como problemas de saúde, afetivos e financeiros por exemplo.

É um verdadeiro emaranhamento cósmico, que conecta os seres humanos além do tempo e espaço.

Ficou complicado entender a abordagem?

Pense no seu corpo. Ele é formado por um sistema. Cada órgão depende do outro para funcionar perfeitamente. O coração depende do pulmão, que depende das vias respiratórias, que dependem do sistema nervoso…

Se algum órgão adoece, o corpo todo sofre um desequilíbrio.

Na teoria de Bert Hellinger, a família também é um grande sistema, onde um afeta o outro. Positiva, ou negativamente.

Existe o inconsciente coletivo, o inconsciente individual e o inconsciente familiar.

Princípios da Constelação Familiar Sistêmica:

Bert Hellinger escreveu um livro muito importante tratando sobre o assunto – “Ordens do Amor”.

O livro explica que ao nascer, uma pessoa carrega, além da herança genética, informações que existem dentro de um campo energético, um campo magnético que contém uma memória coletiva da família que se pertence.

Portanto, ocorre uma transmissão desses campos mórficos, onde ficam todas as mémorias de cada indivíduo. E cada indivíduo está ligado por essa memória.

Lembrando que existe também a teoria do inconsciente coletivo de Carl Jung, onde acredita-se que existe um conjunto de pensamentos e sentimentos compartilhados entre os seres humanos. Esses pensamentos e memórias ficam armazenadas em um campo energético.

A diferença é que Bert fala especificamente de um inconsciente familiar.

Nessa terapia existem três princípios ou leis que regem as relações familiares.

São ordens ocultas, ou as leis, que têm o potencial de influenciar tanto a vida individual das pessoas quanto também um sistema familiar.

1- Lei do Pertencimento

Todos nós pertencemos à um sistema.

Nós somos filhos, netos e bisnetos de alguém. Até mesmo aquela pessoa que nunca conheceu seus pais.

A família é um organismo vivo, uma rede de seres humanos. Toda família está sujeita a essa lei.

Todos nós pertencemos e todos nós temos o direito de pertencer.

Um dos maiores sofrimentos do ser humano é o sentimento de exclusão.

Mas ninguém tem o direito de excluir ninguém dentro do sistema. Isso traz consequências. Causa um desequilíbrio que pode durar por gerações.

Segundo o livro “Ordens do Amor”, quando uma pessoa é excluída do seu direito de pertencer, seu destino é inconscientemente assumido por outros membros da família.

Portanto, é uma lei que vai além da moral ou do merecimento.

Todo ser humano pertence à uma rede energética integrativa. A família.

2- Lei da Hierarquia ou Ordem

O indivíduo pertence. Além disso cada um ocupa uma posição dentro do sistema familiar.

Segundo Hellinger, a lei da hierarquia sugere que cada pessoa dentro da família precisa respeitar o que chegou primeiro.

Sendo assim, os pais têm precedência ao filhos. Isso significa que os filhos não podem ocupar o papel dos pais dentro de uma família. Isso causa um desequilíbrio.

Quando isso acontece, por exemplo, o pai ou a mãe da família pode manifestar um comportamento infantilizado. Os filhos também podem ficar muito ansiosos e sentindo um “peso nos ombros”, carregando uma carga emocional que não é deles.

Significa reconhecer e honrar todos aqueles que vieram antes de nós.

Portanto, define a necessidade de respeito por quem chegou antes, como pais, avós e bisavós.

Estes são chamados de “grandes” por Bert. Quem chegou depois (filhos, netos, bisnetos…) são denominados “pequenos”.

A experiência e maturidade dos antepassados devem sempre ser respeitadas.

Sendo assim, nesse caso, não existe cultura ou conhecimento que possa levar o filho a ter mais importância do que o pai dentro do sistema.

3- Lei do Equilíbrio

A lei do equilíbrio aborda o dar e o receber dentro do sistema familiar.

Quando um membro da família se doa mais que o outro, mesmo que seja por amor, pode gerar um desequilíbrio dentro do sistema.

Porque quem recebe mais, pode se tornar muito dependente do outro.

Isso pode causar relações cheias de culpa, sentimentos de superioridade ou inferioridade e falta de harmonia.

Pela lei do equilíbrio, precisa existir a troca, doar-se e receber por igual nas suas relações.

Essa troca cria uma ligação muito forte entre as pessoas da relação, causando um impacto energético, que se manifesta no inconsciente do sistema familiar.

Como funciona a Terapia de Constelação Familiar Sistêmica?

A terapia de constelação familiar conta com a orientação de um constelador.

O constelador é um profissional sério, terapeuta com formação em constelação familiar.

É esse terapeuta que vai guiar a sessão, que pode acontecer individualmente ou em grupo.

Antes de iniciar a sessão, é necessário fazer uma entrevista com o constelador, para ele identificar a questão a ser resolvida.

Se realizada individualmente, o atendimento acontece apenas com o terapeuta e o cliente. Nesse caso, é necessário utilizar bonecos ou outros objetos para representar os membros da família do cliente.

Quando realizada em grupo, os membros da família são representados por pessoas reais.

Seja individual ou em grupo, com muito cuidado e seriedade, o constelador conduz a sessão, permitindo um acesso ao campo energético da pessoa em questão.

Esse campo energético, ou campo magnético, ou campo quântico, está impregnado com as energias dos membros da família constelada.

Assim, é possível identificar onde está o possível emaranhamento que causa determinado bloqueio na vida da pessoa que está passando pela sessão.

A Constelação Familiar Sistêmica tem relação com alguma religião?

Não.

A constelação familiar é uma terapia, fundamentada nos estudos do psicoterapeuta Bert Hellinger.

Bert foi padre e missionário, portanto viveu por muito tempo com os dogmas da igreja católica. Mas mesmo assim, se encantou pelos costumes de uma tribo africana, onde a ancestralidade e respeito aos que vieram primeiro despertaram nele a potência da energia que geramos através do amor e das raízes.

A costelação familiar sistêmica é uma prática mediúnica?

Não.

Na sessão de constelação em grupo, pode acontecer de algum representante assumir a personalidade de algum membro da família, como o modo de falar, gestos…

Isso acontece com o representante que participa da atividade com o coração aberto. Além disso, ele se mantém neutro, ou seja, apresenta total ausência de vontade própria, intenção ou julgamento. Com bondade, a pessoa se coloca ali totalmente aberta para ser um elemento receptor de energia.

Da energia do campo morfogenético da família em questão.

Assim, os representantes permitem, com a condução do constelador, que o campo energético dessa família se manifeste. Eles são o canal por onde se expressa ali aquela percepção.

Acontece que, caso o representante assuma a personalidade de alguém da família, parece que ele está passando por um processo mediúnico. Parece realmente que tem um espírito ali se manifestando. Mas na verdade é apenas o campo energético se apresentando.

Qualquer pessoa pode perceber esse campo, basta que essa pessoa entre na postura capaz de permitir que ela acesse esse tipo de energia.

Um constelador percebe através dos representantes, a dinâmica dos vínculos sistêmicos, os vínculos de amor ocultos que vinculam uma pessoa à outra dentro de uma família.

Ele percebe esses vínculos e traz a percepção libertadora. Uma percepção que realmente possa causar uma transformação para a pessoa.

Perceber um campo em uma constelação exige técnica, autoconhecimento e percepção.

Qual o benefício da terapia com Constelação Familiar Sistêmica?

Sentimentos, medos, bloqueios, inseguranças e até dores físicas podem ser tratados através da constelação familiar.

Porque são problemas que podem ter uma origem profunda no passado.

Segundo Bert Hellinger, atitudes negativas dos antepassados, modificam o campo energético da família e por consequência as gerações posteriores arcam com essa dor.

Problemas que podem ser tratados:

– Traumas

– Depressão e Ansiedade

– Assuntos relacionados a filhos

– Situações profissionais e/ou de carreira

– Situações de sua própria empresa

– Problemas com dinheiro

– Complicações na relação do casal

– Tomada de decisões difíceis

– Implicações emocionais de doenças

– Questões pessoais

Tudo se resume ao amor

De acordo com Bert Hellinger, existe um campo morfogenético onde se encontra o inconsciente familiar.

Esse campo é carregado com a energia das pessoas da família, que viveram de geração em geração.

Essa energia pode fluir, livremente se ela for de amor e bondade, ou pode causar bloqueios, com sentimentos ou atitudes negativas.

Portanto esses bloqueios causam um emaranhamento. E uma hora, algum membro da família vai sentir esse bloqueio em sua vida. Seja nas relações, nos sentimentos pessoais ou na parte financeira e profissional.

É aí que a constelação pode ajudar.

A constelação pode ajudar a identificar onde, como, em que momento esse bloqueio foi criado e porque está causando algum tipo de mal para a pessoa.

A constelação ajuda a diferenciar o amor que emaranha e o amor que flui. Ela ajuda a transformar o amor emaranhado no amor que flui.

O emaranhamento pode vir a luz através da abordagem da constelação familiar. Curando padrões negativos e fortalecendo a família de forma harmoniosa.

A constelação trata de um vínculo profundo de amor. Um amor existencial. Ele existe porque nós existimos.

Todos estamos ligados amorosamente pelos nossos parentes porque nossas vidas existem graças àquelas vidas que vieram anteriormente.

Quando nos abrimos à essa percepção, somos tocados profundamente na alma.

Nós somos seres de natureza essencialmente espiritual. A constelação familiar sistêmica nos ajuda a criar raízes na força que tem o papel da família atual, ou do sistema atual.

Com autoconhecimento, nos entendemos como seres existenciais.

A constelação ajuda a entender qual é a melhor proposta, potencialidade e força que tem a sua família e principalmente, que você tem dentro dela, aqui e agora.

Essa família tem um sentido, um propósito, tem um movimento.

A terapia de constelação familiar ajuda a tomar a força de estar nessa família, na ordem à qual você pertence a ela.

“Reencarnação não tem endereço errado” – Chico Xavier.

Cada um de nós temos um propósito de vida, uma proposta evolutiva, e precisamos estar na família exata que possa proporcionar tudo o que necessitamos para cumprir esse propósito de evolução.

Nossos pais nos deram o maior presente: a Vida.

Eles são nossos portais da vida. Eles permitiram algo muito, muito grandioso: – O poder de ser quem você é.

Porque não extiste movimento de desenvolvimento verdadeiro de espiritualidade sem reconciliação com pai e mãe.

Com amor, a constelação familiar pode ajudar uma pessoa a dizer sim para sua própria existência. Ela consegue “tomar” sua vida para si. Busca se apropriar daquilo que É, do seu lugar no mundo.